Será que não estamos olhando demais para Lula e Bolsonaro?
Será que não tá ficando meio chata, meio cansativa essa história de acharmos que a polarização nacional se aplica na nossa realidade local?
É claro que influencia, mas está longe de ser determinante.
Vamos olhar como exemplo o caso do Rio de Janeiro. Em 2018, o Jair venceu o PT (Fernando Haddad) em quase toda a cidade.
Em 2022, O PT conseguiu maioria no sul e no centro, mas ainda tendo o Bolsonaro predominante, especialmente ao norte e oeste da cidade.
Bem, a partir disso podemos imaginar que a polarização estava lá na eleição para prefeito em 2020. Crivella apoiado pelo Bolsonaro e Benedita apoiada pelo PT. Se olharmos o mapa de forma precipitada, pode até parecer que sim.
Mas temos uma ilusão grave aqui.
A ilusão é que esta é uma eleição de primeiro turno, temos mais candidatos. Se olharmos os percentuais de Crivela e Benedita, vamos ver que o desempenho de ambos é muito mais fraco do que seus padrinhos políticos.
E sabe o que acontece quando colocamos o Eduardo Paes na disputa do mapa? Paes vence ambos em praticamente todos os bairros da cidade maravilhosa.
Estes votos do Paes vieram da direita ou da esquerda? Bem, mas vamos dar mais um passo agora, vamos analisar a disputa para vereadores.
Ao focarmos somente nos dois mais votados, Motta e Carlos, identificamos rapidamente que o candidato do PSOL (Tarcísio Motta) obteve pelo menos 20.000 votos em áreas onde o Bolsonaro foi muito melhor, tanto em 2018 como em 2020.
Se observarmos a votação do Carlos, vejam que ele foi buscar 20 mil votos em regiões onde o Lula foi predominante em 2022.
Olhando mais para baixo na tabela, temos por exemplo a vereadora Tânia Bastos (Republicanos) que teve a 4° maior votação justamente no Vidigal e em São Conrado, bairros que mesmo na derrota do PT em 2018 ainda tiveram maioria para o candidato Fernando Haddad.
Em outro espectro político, temos o vereador Wellignton Dias do PDT (partido mais a equerda no cenário nacional), que foi o vereador mais votado de Campo Grande, região que em 2018 deu 74% de votos para Jair Bolsonaro.
O partido de um candidato e a polarização da disputa nacional influenciam, mas não são determinantes para a política local.
O que é determinante é o voto do povo.
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